domingo, 7 de agosto de 2011

Uma mente, um oceano.

Pensar sobre questões políticas, filosóficas, físicas e cósmicas me proporcionaram até agora as melhores e mais reconfortantes sensações e as emoções que sentimos nessa serena aventura do pensar vão além da vaidade humana, pois nos colocam frente ao nosso mundo, o mundo humano, de onde todas as fantasias e sensações saem. Ter pensado e conhecido algumas vezes pode me trazer mais consciência dos problemas que os seres humanos tem, mas por outro lado, há sempre um equílibrio, o pensamento humano é multifacetado, complexo e intimamente ligado as suas emoções e sensações físicas. Em plena pós-modernidade, podemos, mas não devemos nos limitar a condições que nos aprisionam a grupos fechados, a linhas de pensamento fechadas, a dogmas políticos, religiosos, sociais e ideológicos. O mundo é diferente para cada mente. Todos meio que sabemos disso, mas esquecemos com muita rapidez e não sabemos prever as consequências desse fato para nossa própria visão do cosmos. Sei que é díficil, senão impraticável, mas devemos nos abrir sempre a novas perspectivas, veremos mais cedo o que lamentaremos não termos visto depois de toda uma vida ter passado diante de nós mesmos, esquecendo do tempo fugidio. Abram-se a novas idéias, critiquem os seus representantes políticos, procurem ouvir outras músicas, outros estilos, nunca se sabe do que vamos começar a descobrir e gostar, todos os dias abra seus olhos com um novo filtro para enxergar novas cores no mundo. Sentir-se desorientado e com medo faz parte do processo e certamente não estaremos completamente sozinhos nesta experiência.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Now watch what you say or they'll be calling you a radical...

Vemos todos os dias ecoar por nossas casas, as vozes de jornalistas que anunciam os últimos dados econômicos de Wall Street, os sucessos do país economicamente mais rico do cenário global, riqueza que foi construida a todo tipo de custo, custos humanos, sangue, mentiras e a construção de um verdadeiro cerco a todos os países que não se alinhassem politicamente com o sua ideologia e seu sistema político. Um país que abertamente influi em todos os governos durante as grandes guerras, mas especialmente na guerra fria, apoiando os golpes militares, enviando tropas, influindo nos processos políticos de países da Europa e da América Latina, incluindo o nosso já espoliado país.

Sim, esse país não apenas suportou séculos de exploração econômica, não foi apenas um dos berços do capitalismo comercial de Portugal e da Inglaterra, foi também uma marionete política a favor dos interesses econômicos das multinacionais, dos banqueiros e do governo dos Estados Unidos que interveio na história do pior desastre político da história do Brasil: o golpe de 64.

Atualmente podemos falar com certeza sobre o papel dessa grande potência expansionista no processo que derrubou o governo de João Goulart, ajudando ativamente os militares a tomarem o poder político, a Agência Central de Inteligência plantando preparando através dos jornais em propaganda e monitoração da informação que chegava ao povo. Vemos a mão dos "novos romanos" fechando o congresso e declarando vago o cargo de presidente, além de todas as arbitrariedades já cometidas, as inúmeras técnicas de tortura importadas pelos agentes da CIA, e perpetradas pelas forças armadas numa repressão cega a todos os que pensavam de modo diferente dos militares, incluindo um grande número de civis que não participavam da vida política do país por fatores econômicos e por uma educação cada vez mais "neutra". Não foi a toa que a Filosofia foi varrida das escolas quando os militares tomaram o poder. Talvez, em sua versão acadêmica, ela poderia não incomodar tanto desde que estivesse sob influência direta do governo federal que sempre foi centralizador e que continua sendo em suas variadas decisões, desconsiderando as realidades regionais, destarte a assim proclamada autonomia das autarquias universitárias.

Fomos obrigados a ver a Filosofia como subversiva, mas ao mesmo tempo somos estimulados a não acreditar que existam espiões ou que eles não influem em nossas vidas, que certas idéias apenas por serem pouco usuais, diferentes não podem surgir numa conversa considerada normal entre as pessoas. Assim, não desconfiamos muitas vezes de que a realidade é muito mais contundente do que qualquer filme de James Bond ou que tenha Matt Damon como o habilidoso e procurado Jason Bourne, até porque muito do que está nesses filmes poderia ser verdadeiro em certo sentido. Não digo tanto James Bond, mas alguns elementos da Trilogia Bourne podem fornecer uma visão alternativa do que seja o EUA e a guerra contra o terrorismo.

Vemos todos os dias, golpes serem preparados através da legitimação realizada pela impressa de vários países, por isso, devemos manter os olhos abertos e desconfiar de nossas fontes não tão confiáveis do telejornalismo e pensar nas inúmeras implicações políticas das pessoas que trabalham na imprensa, quando pensarmos que o EUA está manipulando toda a informação com muita facilidade, os pronunciamentos, fechando a porta na cara dos jornalistas ávidos de notícias como o trabalhador ávido de receber seu mísero salário pelo empregador.


Tudo sobre a morte de Osama Bin Laden é sintomático, todos os pronunciamentos, os erros, o medo difundido por todos os países da Europa, as intervenções nos diversos países do Oriente Médio onde convergem os interesses econômicos dos EUA, lembremos que é lá que se encontra uma das maiores reservas de petróleo do mundo e que o Brasil entrou para o G-20 após a descoberta e a exploração do petróleo do pré-sal. Não é díficil saber que nesse enredo pode se encontrar muitos nós.


jamais colocarei um arquivo aqui para não dizerem que quero ressucitar Osama bin Laden e depois dizerem que estou postando vírus por aí. Ora, mas vejam só, este aviso é muito conveniente, até demais. Não usem o email para desmobilizar a informação dos EUA pelo mundo. É mais complicado se comunicar atualmente do que depois do mito da torre de Babel!!!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Uma característica NOSSA !





Uma característica da reflexão de inúmeros pensadores é a crítica ao convencionalismo democrático da civilização pós-moderna.





A sujeição ao sacerdote, a opinião alheia, a história de como nossos costumes e de como a civilização e as ilusões modernas são construídas sem questionamentos, a extrema especialização e desmobilização das pessoas pela criação da figura do especialista. A democracia, neste aspecto, volta-se contra o ser humano, pois se reivindica a limitação do conhecido, mas aqui não se encontra ainda o pior aspecto do problema. Cada especialista apenas responde por sua especialidade, por seu conjunto restrito de teorias e conhecimentos, pois ainda que tenha uma cultura mais vasta, a formalização da especialização entrava qualquer mobilização desse conhecimento mais vasto na aplicação dos problemas de uma realidade sempre mais complexa sob todos os pontos de vista. É dessa maneira que a sociedade simplifica a exposição das pessoas, seus posicionamentos, enfiando éticas no comportamento das pessoas, diminui sua compreensão, seus poderes reais e suas potencialidades. Não ocorre apenas a divisão do trabalho mas a divisão das pessoas em grupos bem pensantes, em paradigmas de pensamento e conhecimento estanques, pessoas que não são capazes de discutir construtivamente para que ao menos no fim de um dialógo possam distinguir e dizer talvez: ah! então eu falava do "branco" e você falava do "preto", nossa, como não chegamos a conhecer conceitos distintos de nossa especialidade e o que há de comum entre elas, que feliz acaso, não mais feliz por tão tardio!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Nós, nossos valores, nossas idéias, nossa consciência.

A leitura foi um privilégio do clero e da nobreza, e muito tempo depois com a Reforma Protestante, a maior parte dos livros estava em poder da classe burguesa que iniciou um movimento pela livre interpretação das escrituras, na época amplamente reprimido pela Igreja Católica. A questão atual é: nas mãos de quem está a cultura da leitura e o exercício da crítica e da interpretação? Será que continua sendo um privilégio de alguma nova classe dominante e que agora domina pelo saber, não mas pelos exércitos, nem pelo poder da excomunhão e da tortura? Quem hoje pode dizer que a leitura e a escrita já estão completamente difundidas talvez não possa dizer que tipo de leituras são feitas e quais livros e obras são realmente mais lidas em detrimento de outras. Quem nos diz o que ler, quem nos diz que o diferente também é bom? E mais do que isso, quem se preocupa com critérios? Talvez o crítico literário, o professor universitário, o estudioso da filosofia, em suma, o homem culto, superior pelo saber e pelo domínio de uma língua falada e escrita elaborada, que tenha conhecimento amplos o suficiente da ciência e que possa por sua vez sentir-se parte de um novo grupo social dominante. Algo que Nietzsche chamaria de um homem que tenha realmente vontade de poder. Ou segundo Espinoza, o homem que domina as suas paixões, que não é subtraído pela busca de riquezas e nem pelas aventuras amorosas. Bem, quem realmente está a altura desse ser que "escolheu" ser mais forte? Infeliz é o nosso destino! Se hoje a cultura é acessível a todos, quantos não se recusam a ela, talvez muitos não tenham realmente a escolha de optarem por aproveitar as facilidades que a Internet nos trouxe, hoje podemos ouvir músicas de quase todas as épocas da humanidade, o fenômeno dos livros digitais nos trouxe tudo aquilo que muitos desejariam ter acesso no passado mas não tiveram. Quantos homens, ainda na época do Iluminismo nascente desejaram ler ou ter a posse de um livro, mas se resignavam a ver outros colecionarem obras bem encadernadas apenas pelo prazer de vê-los bem dispostos numa estante? Sequer ouvimos a música do passado por que nossas crianças não aprendem a gostar dessa coisa estranha: a orquestra. Nossos ouvidos destreinados não conseguem distinguir entre um piano e um cravo, alguns até entre um oboé, um saxofone ou um clarinete. Dirão talvez que essa seja uma música para o que chamam de "nerds", ao estilo Lizza Simpson. Não entendo como um homem para viver a sua época tenha que necessariamente subtrair-se a cultura de outras épocas, as suas lições para a humanidade, para que não ocorram os mesmos erros que infelizmente acabam acontecendo. Que cada um possa exercer livremente a sua capacidade crítica em relação aos valores culturais e morais da civilização atual, que não deixemos que outros pensem por nós, pois como em outras épocas, o que cabe ao clero nem sempre cabe aos reis ou ao povo, sejamos mais independentes também nessa questão assim como queremos ser em outras questões. Que o judeu não queira ser escravo do romano talvez possamos entender, mas que nós não queiramos ser escravos de nossas próprias convenções, talvez seja algo do qual temos de tomar distância para perceber, para alguns pelo tempo, para outros pelo pensamento. Resta-nos decidir como o faremos.

sábado, 9 de abril de 2011

Nem ceticismo nem ingenuidade

"É característica de uma mente educada ser capaz de acolher um pensamento sem aceitá-lo." Aristóteles. Não deixemos perguntas por fazer, não deixemos que o medo dos nossos mitos sociais nos escravize, questionemos sobre tudo. Que possamos analisar o pensamento de outrem, mas suspendamos nosso ar espantado e pensemos por nós mesmos. A melhor crítica à sociedade apenas é digna de outra crítica, os melhores pensamentos são apenas dignos de pensamentos que se sobreponham a eles, os discípulos precisam reverenciar o seus mestres, se contrapondo a eles. Eis algumas expressões chaves: Tese, Antítese, Síntese Aufheben Ato/Potência Mito, religião, controle social religião/religiosidade Think about it!!!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A propósito da neve úmida

Quando ergui tua alma caída
Das trevas da perdição
Com o calor da palavra amiga,
Em profunda dor e emoção
Tu maldisseste, torcendo as mãos,
O teu pecado, tua prisão.

Punindo a mente esquecida
Com a lembrança dolorosa,
Tu me contaste tua história,
Antes de mim acontecida.

Cobrindo o rosto com as mãos,
Cheia de vergonha e horror,
Desabafaste chorando
De indignação e de dor.

Crê-me: ouvi com piedade,
Atento a cada palavra...
Tudo entendi, filha da desdita!
Tudo perdoei e esqueci.

Por que da dúvida secreta
És tu escrava perpétua?
Por que da opinião vazia
Da turba segues cativa?

Descrê do povo falso e vão,
Esquece tua insegurança.
Que tua alma vacilante
Não dê abrigo a opressão!

Em teu seio não acalentes
Da tristeza estéril a serpente,
E em minha casa, livre e orgulhosa,
Entra como legítima senhora!

Tradução livre do poema de Nekrássov feita pelo escritor russo Fiódor Dostoiévski, no livro
Notas do Subsolo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


"Não basta ser niilista, é preciso saber ser niilista"


Toda teoria tem respostas e enigmas, descobertas ou uma nova visão da realidade carregada de princípios e belezas que a tornam especial. A Filosofia sempre foi conhecida por suas pretensões de dar explicações "globais" sobre a realidade, geralmente baseada sobre um único princípio maior e ordenado/criador do universo: o ser.

Em seu início, todas as ciências estavam unificadas no pensamento, sobretudo grego, e as divisões entre elas eram marcadas por nenhuma metodologia ou conjunto de princípios rígidos e específicos, pois todas se prestavam a explicação dessa totalidade do real. Hoje, vemos padrões e princípios se repetirem em todas as ciências e é interessante notar que conceitos abstratos estão presentes tanto nas teorias da psicologia do inconsciente como nas mais ousadas especulações da física teórica, no funcionamento do corpo humano e da mente humana (um grande e magnífico problema para a filosofia e a ciência atual) e nas teorias evolucionistas, tanto ainda quanto nos estudos sobre mitos e crenças religiosas ou ainda a Sociologia e a Antropologia . Contemplamos, perplexos, esses princípios e nos esquecemos das origens dos pensamentos, dos mitos e da sabedoria de povos antigos não necessariamente gregos nem tampouco ocidentais. É possível ver o exemplo de teorias fantásticas que nos falam sobre outras dimensões, a teoria das Supercordas e dos Fractais. Teorias da interpretação de sonhos que parecem refinamentos da magia e do misticismo dos antigos sacerdotes egípicios ou de xamãs de tribos que ainda vivem em locais remotos, agora vestidos com a roupagem científica e a sua "gramática" própria.
Sobretudo nossos interesses são moldados por nossa educação e condição econômica, não somos estimulados por nossa cultura a tomar uma atitude crítica e criteriosa sobre a realidade. Na maior parte das vezes compramos as opiniões de outros e nos eximimos de uma atitude saudavelmente cética, de um espírito de dúvida, mesmo que por um momento, por estarmos mergulhados numa cultura da competição, do sucesso material e do imediatismo em que impera o dogma da ciência perfeita que se parece cada vez mais com uma nova religião como trata Thomas Kuhn na sua obra "Teoria das Revoluções Científicas". Quando lemos algo não sabemos se o que lemos tem realmente um sentido especial, de reflexão e pensamento elaborado ou se é apenas uma "propaganda disfarçada de idéias e produtos culturais", parece que nos damos muito bem com essa união do útil ao agradável e aceitamos perder a profundidade de nossos anseios de conhecimento e da medida da nossa ignorância. O jeitinho brasileiro parece sempre se insinuar em todas as esferas. Nossos costumes favoritos são: comprar e comer um saco de batatas gordurosas em frente de uma televisão e assistir a qualquer coisa que nos faça esquecer do mundo ao nosso redor. É que nos passam a idéia de que o mundo é um tédio sem necessariamente o ser. Que os livros falam sobre tudo mas nada dizem e que a sabedoria e a reflexão são para intelectuais, eruditos, nerds e tolos, estereótipos intelectuais e rótulos com os quais estamos familiarizados. Nossos locais preferidos são os shoppings e aqueles lugares onde as pessoas se reúnem em grupos fechados para entreolharem-se uns aos outros com desprezo (ou despeito). Nossos diálogos raramente são estimulantes e ricos, pouco envolventes, são círculos fechados e egoístas de pessoas que se pejam do refinamento de seus tipos, de fato, "nossos ouvidos não se cansam de escutar e nem nossos olhos de ver", nossas relações são cada vez mais superficiais, nossa sensibilidade mais embrutecida e nossa racionalidada ainda mais xã e comezinha: uma racionalidade do tipo "Sherlock" , de uma análise psicologica superficial e neurótica. São poucas mais significativas as vezes em que vejo o olhar de pessoas diversas se iluminarem numa discussão amigável ao verem uma causa sobre a qual todos concordam em se unir para lutar a respeito como a educação ambiental, por exemplo, e quando a voz de todos se faz ouvir, as diferentes opiniões serem confrontadas com civilidade, e os ouvidos se aguçarem interessados em não haver apenas um a argumentar, mas todos a persuadir e serem persuadidos (ou convencidos). Mas é claro, situações ideais são por demais teóricas!